"Os
tempos atuais são tempos de aurea mediocritas e de indiferença, de
paixão pela ignorância, de preguiça, de incapacidade para o trabalho prático e
da necessidade de receber tudo já pronto. Ninguém raciocina, será raro alguém
elaborar uma ideia pessoal.
(...) Hoje em dia exterminam as florestas da Rússia, esgotam os solos da Rússia, transformam a Rússia numa estepe e preparam-na para os calmuques. Se aparecer um homem de esperança que plante uma árvore, todos se rirão: “Será que vives até ela crescer?” Por outro lado, os que aspiram ao bem falam de como será dentro de mil anos.
Desapareceu por completo uma ideia cimentadora. É como se toda a gente vivesse numa estalagem, preparando-se para fugir amanhã da Rússia. Todos vivem apenas para a sua abastança..."
(...) Hoje em dia exterminam as florestas da Rússia, esgotam os solos da Rússia, transformam a Rússia numa estepe e preparam-na para os calmuques. Se aparecer um homem de esperança que plante uma árvore, todos se rirão: “Será que vives até ela crescer?” Por outro lado, os que aspiram ao bem falam de como será dentro de mil anos.
Desapareceu por completo uma ideia cimentadora. É como se toda a gente vivesse numa estalagem, preparando-se para fugir amanhã da Rússia. Todos vivem apenas para a sua abastança..."
Fiodor Dostoievski, in 'O
Adolescente'- publicado originalmente em 1875.
Aurea Mediocritas é uma designação latina
que podemos encontrar numa das Odes (II, 10, 5) de Horácio e que
expressa a ideia de que só é feliz e vive tranquilamente quem se contenta com
pouco ou com aquilo quem tem sem aspirar a mais.
Calmucos ou calmuques são um povo nômade de
origem Mongol.
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