Se, entrado nos quarenta…
Se, entrado nos quarenta, você acorda
uma noite e, por muito tempo, o sono
não vem. Você contempla o quarto escuro
remoendo alguma coisa. Jaz com olhos
abertos como há de jazer um dia
na cova. É então que toma um novo rumo
tua vida. Quão estranho foi – você
se admira – ter vivido entre as estrelas
e a terra! Uma bobagem que te ocorre,
te entretém, te aborrece e já não conta.
Mil ruídos vêm da rua e não há ruído
que não te seja familiar. Você
que está, não triste, só tranqüilo, alerta,
quase em paz, dá um suspiro e, após virar-se
para a parede, dorme novamente.
Se, entrado nos quarenta, você acorda
uma noite e, por muito tempo, o sono
não vem. Você contempla o quarto escuro
remoendo alguma coisa. Jaz com olhos
abertos como há de jazer um dia
na cova. É então que toma um novo rumo
tua vida. Quão estranho foi – você
se admira – ter vivido entre as estrelas
e a terra! Uma bobagem que te ocorre,
te entretém, te aborrece e já não conta.
Mil ruídos vêm da rua e não há ruído
que não te seja familiar. Você
que está, não triste, só tranqüilo, alerta,
quase em paz, dá um suspiro e, após virar-se
para a parede, dorme novamente.
Dezso Kosztolányi (1885 - 1936), um dos maiores escritores da literatura húngara do século XX, foi narrador, poeta, tradutor, ensaísta e jornalista.
Publicou poesia (Queixas de um menino pobre, 1910; Queixas de um homem triste, 1924, e Cálculo, 1935), ensaio, contos e romance; O cometa dourado, 1925; Ana, a doce, 1926 e Nero, o poeta sangrento, 1922).
Cotovia, 1924 e O Tradutor cleptomaníaco são os únicos títulos disponíveis em Português.
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