Do cidadão anônimo nas ruas de sua nativa Nova York, Helen Levitt (1913–2009) fez seu tableau vivant. Suas imagens revelam a estranheza paradoxalmente comum do dia a dia, tendo como principal elemento a diversidade humana e seu comportamento. Levitt começou a fotografar ainda adolescente, ao largar os estudos para trabalhar como assistente de um fotógrafo comercial. Viveu, trabalhou e morreu em NovaYork.
Em 1935, conheceu Cartier-Bresson, que exerceu grande influência sobre seu trabalho. Adquiriu uma Leica usada e passou a fotografar a cultura de rua de crianças, com especial atenção aos bizarros desenhos de giz por elas produzidos no quadro urbano. Esse trabalho pode ser visto no livro In The Street: chalk drawings and messages, New York City 1938–1948 (Duke University Press, 1987).
Observadora passiva, Levitt capturou momentos flagrantes de espontaneidade comportamental livres de autoconsciência da colocação física do ser. Não ousava interferir nas cenas e, muitas vezes, recorria ao uso de um encaixe em sua câmera que a permitia olhar para um lado enquanto sua lente apontava para o outro.
Pioneira da fotografia em cores, as tratava de forma que saltassem da imagem, usando de rica saturação. O resultado é quase fictício e dispõe uma realidade insólita, porém estranhamente natural. No entanto, após alguns anos, resolveu voltar à fotografia em preto e branco, alegando que nunca conseguira obter os resultados que queria em cores.
Trabalhou ombro a ombro com seus amigos Walker Evans e James Agee, este classificando o trabalho de Levitt como “uma visão unificada do mundo, um manifesto insistente, porém irrefutável, de um modo de ver”, no prefácio do livro A Way of Seeing (Duke University Press, 1965). Evans declara, em sua biografia, que os únicos fotógrafos que tinham algo original a dizer eram Cartier-Bresson, Helen Levitt e ele mesmo.
Em 1943, expôs seu trabalho em mostra solo no MoMA, sob curadoria de Edward Steichen. Voltou a expor no mesmo museu em 1974. Na década de 1940, passou a trabalhar em cinema para se sustentar, variando entre edição, roteiro, cinematografia, direção e produção. Esse trabalho lhe rendeu sete filmes e documentários. Editou também curtas-metragens de propaganda pró-Estados Unidos para Luis Buñuel na mesma década. Ao mesmo tempo, Levitt continuou a fotografar até seus últimos dias, trocando a pesada Leica por uma pequena Contax.
Levitt é descrita como uma pessoa tímida e discreta, que viveu seus últimos anos de forma reclusa e simples. Em rara entrevista de 2002 para o National Public Radio (que pode ser ouvida, em inglês, aqui), demonstra absoluta modéstia em diversos momentos. Em sua casa, nenhuma imagem de sua autoria nas paredes; muitas caixas de fotografias, uma das quais rotulada “Nada Bom”. Lacônica, fala de uma de suas fotografias mais célebres, a das meninas e bolhas de sabão: “É isso aí que você está vendo”, dispensando quaisquer floreios analíticos de seu próprio trabalho.
Levitt foi conhecida como uma fotógrafa de fotógrafos, por ser tão aclamada no universo de conhecedores enquanto pouco conhecida pelo público em geral. Seu trabalho gera curiosidade dentro do comum e ulula peculiaridades cotidianas muitas vezes ignoradas pelo olhar ordinário.
Fonte: http://www.fotoclubef508.com
Em 1935, conheceu Cartier-Bresson, que exerceu grande influência sobre seu trabalho. Adquiriu uma Leica usada e passou a fotografar a cultura de rua de crianças, com especial atenção aos bizarros desenhos de giz por elas produzidos no quadro urbano. Esse trabalho pode ser visto no livro In The Street: chalk drawings and messages, New York City 1938–1948 (Duke University Press, 1987).
Observadora passiva, Levitt capturou momentos flagrantes de espontaneidade comportamental livres de autoconsciência da colocação física do ser. Não ousava interferir nas cenas e, muitas vezes, recorria ao uso de um encaixe em sua câmera que a permitia olhar para um lado enquanto sua lente apontava para o outro.
Pioneira da fotografia em cores, as tratava de forma que saltassem da imagem, usando de rica saturação. O resultado é quase fictício e dispõe uma realidade insólita, porém estranhamente natural. No entanto, após alguns anos, resolveu voltar à fotografia em preto e branco, alegando que nunca conseguira obter os resultados que queria em cores.
Trabalhou ombro a ombro com seus amigos Walker Evans e James Agee, este classificando o trabalho de Levitt como “uma visão unificada do mundo, um manifesto insistente, porém irrefutável, de um modo de ver”, no prefácio do livro A Way of Seeing (Duke University Press, 1965). Evans declara, em sua biografia, que os únicos fotógrafos que tinham algo original a dizer eram Cartier-Bresson, Helen Levitt e ele mesmo.
Em 1943, expôs seu trabalho em mostra solo no MoMA, sob curadoria de Edward Steichen. Voltou a expor no mesmo museu em 1974. Na década de 1940, passou a trabalhar em cinema para se sustentar, variando entre edição, roteiro, cinematografia, direção e produção. Esse trabalho lhe rendeu sete filmes e documentários. Editou também curtas-metragens de propaganda pró-Estados Unidos para Luis Buñuel na mesma década. Ao mesmo tempo, Levitt continuou a fotografar até seus últimos dias, trocando a pesada Leica por uma pequena Contax.
Levitt é descrita como uma pessoa tímida e discreta, que viveu seus últimos anos de forma reclusa e simples. Em rara entrevista de 2002 para o National Public Radio (que pode ser ouvida, em inglês, aqui), demonstra absoluta modéstia em diversos momentos. Em sua casa, nenhuma imagem de sua autoria nas paredes; muitas caixas de fotografias, uma das quais rotulada “Nada Bom”. Lacônica, fala de uma de suas fotografias mais célebres, a das meninas e bolhas de sabão: “É isso aí que você está vendo”, dispensando quaisquer floreios analíticos de seu próprio trabalho.
Levitt foi conhecida como uma fotógrafa de fotógrafos, por ser tão aclamada no universo de conhecedores enquanto pouco conhecida pelo público em geral. Seu trabalho gera curiosidade dentro do comum e ulula peculiaridades cotidianas muitas vezes ignoradas pelo olhar ordinário.
Fonte: http://www.fotoclubef508.com
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