sábado, 18 de setembro de 2010

Poemas


Poema 7 do Cancioneiro

A gula, o sono e os ócios indevidos

varreram as virtudes deste mundo:

fizeram que engolisse o Orco fundo

o que era lume em nós, há tempos idos;

estão opacos olhos já luzidos,

iluminados do que foi profundo;

é exceção, notai se me confundo,

ter hoje versos bons, não versos 'lindos'.

Pra que poetas neste nosso tempo?

Sob esta treva em que já tarda o dia,

o máximo é de vinho se molhar.

Comigo poucos vejo em outra via:

por isso sopra mui de leve o vento

que leva as naves para o largo mar.

Petrarca

Tradução de Érico Nogueira.

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